Arte, Projeto e Paisagem

Natureza e cidade remetem, antes de qualquer coisa, a um campo coletivo, ainda que apropriado desigualmente pelos diversos agentes. Por isso mesmo, um campo de tensões, que têm a ver com o âmago da existência, das suas possibilidades de realização, com as oportunidades, com a justiça, com as suas práticas. É nesse campo coletivo que se pode falar de paisagismo e arte. Embora tantas vezes pensados como autônomos, ou como dotados de valor intrínseco, paisagismo e arte não existem por si mesmos, estão sempre inseridos, são relacionais. São recortes privilegiados nesse coletivo, ao qual podem ou nar furtar sua contribuição. São ainda objetos e processos excepcionais que se posicionam nesse campo de contradições. Mas o fazem de modo potencialmente muito peculiar, dotados de poéticas, de motivações estéticas, de convites à sensibilidade.

Euler Sandeville Junior. Arte, Projeto e Paisagem: Potencialidade e Ambiguidades. São Paulo, 2006